"Existe um método para dissuadir-nos de amar imoderadamente nosso semelhante que me acho rejeitando desde o princípio. Faço isso com tremor, pois encontrei-o nas páginas de um grande santo e pensador a quem muito devo.
Em palavras que ainda podem provocar lágrimas, Agostinho descreve a desolação em que a morte de seu amigo Nebridius o mergulhou (Confissões IV, 10). E extrai então uma moral. Isto é o que acontece, diz ele, quando entregamos nosso coração a qualquer coisa além de Deus. Todos os seres humanos morrem. Não permita que sua felicidade dependa de algo que pode perder. Caso o amor deva ser uma bênção e não uma maldição, deve dirigir-se ao único Amado que jamais partirá.
Isto na verdade é de um bom senso notável. Não coloque os seus bens num recipiente rachado. Não gaste demasiado numa casa da qual tenha de sair. E não existe ninguém que reaja mais naturalmente do que eu a tais máximas. Sou uma criatura que põe a segurança em primeiro lugar. De todos os argumentos contra o amor nenhum faz um apelo mais forte à minha natureza do que "Cuidado! Isto pode fazer com que sofra"...
Quando respondo a esse apelo pareço, a mim mesmo, estar a milhares de quilômetros de Cristo. Se existe alguma coisa de que estou certo é o fato de Seus ensinamentos não terem tido por um instante sequer o propósito de confirmar minhas preferências congênitas por investimentos seguros e responsabilidades limitadas. Duvido que haja em mim algo que o desagrade tanto quanto isso. E quem poderia começar a amar a Deus numa base tão prudente - porque a segurança (por assim dizer) é melhor? Quem poderia sequer incluí-la entre as razões para amar? Você escolheria uma esposa ou um amigo, ou até mesmo um cão, nesse estado de espirito? E preciso estar completamente fora do mundo do amor, de todos os amores, quando se fazem cálculos desses...
Não existe alívio na sugestão de Agostinho. Nem em qualquer outra linha de pensamento. Não existe um investimento seguro. Amar é ser vulnerável. Ame qualquer coisa e seu coração irá certamente ser espremido e possivelmente partido. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto, não deve dá-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente em passatempos e pequenos confortos, evite todos os envolvimentos, feche-o com segurança no esquife ou no caixão do seu egoísmo. Mas nesse esquife - seguro, sombrio, imóvel, sufocante - ele irá mudar. Não será quebrado, mas vai tornar-se inquebrável, impenetrável, irredimível.
A alternativa para a tragédia, ou pelo menos para o risco da tragédia é a danação. O único lugar fora do céu onde você pode manter-se perfeitamente seguro contra todos os perigos e perturbações do amor é o inferno."
Extraído do livro Os quatro amores (C.S. Lewis)
Não deixemos nosso coração se esfriar e se tornar insensível. Amemos sempre nosso próximo, como a nós mesmos, e ao nosso lindo Deus de todo nosso coração e entendimento!!!
Que Deus nos livre da frieza e indiferença da Modernidade, e da Apostasia!!! Que nosso coração seja sempre quebrantado e disposto a amar!!!
"..se não tiver amor, nada serei.." I Co 13:2
Bjos, Tatá :)
Um comentário:
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